terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Guia Esqueleto em forma

Os médicos dizem que a osteoporose, aquela doença que provoca o enfraquecimento dos ossos, deve ser combatida desde a primeira visita ao pediatra. Eles estão respaldados naquilo que a ciência já concluiu: a prevenção na infância reduz em 30% o risco de uma pessoa sofrer desse mal na idade adulta.
Monica Weinberg
A doença preocupa por sua alta incidência – ela afeta 5milhões de brasileiros, a maioria mulheres na menopausa – e pelos riscos que representa para quem convive com ela. Quase todas as pessoas que sofrem de osteoporose são vítimas de fraturas, 25% delas fatais. O que também aflige os especialistas é o fato de essa ser uma doença silenciosa, que pode avançar rapidamente sem dar sinais de dor.
Por tudo isso, os médicos ouvidos por VEJA insistem na tecla da prevenção. Neste Guia, eles ensinam a pôr em prática um conjunto simples de medidas e ainda esclarecem seis das dúvidas mais freqüentes (e relevantes) sobre a osteoporose.
Ilustração Natalia Forcat
1 Minha mãe sofre de osteoporose. Devo começar a prevenção já? O risco de um dia desenvolver a doença é dez vezes maior. É justamente por essa razão que os médicos antecipam o primeiro exame de densitometria óssea, que tem por objetivo medir o nível de desgaste dos ossos. Todas as pessoas devem ser submetidas a tal exame ao longo da vida adulta. A diferença é que, nos casos em que a hereditariedade pesa contra o paciente, ele costuma ser feito pela primeira vez por volta dos 35 anos, em mulheres, e aos 45, nos homens – cerca de quinze anos antes do usual. Os especialistas advertem, no entanto, que medidas preventivas devem ser adotadas desde a primeira visita ao pediatra – por todo mundo (leia sobre prevenção).
2 Aos 20 anos, já quebrei o braço duas vezes. Será que tenho osteoporose? A fratura de ossos é, sim, um indicativo de osteoporose, mas a probabilidade de uma pessoa com menos de 30 anos sofrer da doença é de apenas 2%. Nessa faixa etária, ela decorre de outros males, como diabetes e hipertireoidismo, ou pode resultar do uso regular de alguns remédios, como a cortisona – mas nunca do envelhecimento natural dos ossos. Com um histórico de uma dessas doenças e dois braços quebrados, o médico provavelmente vai recomendar uma densitometria óssea, com base na qual poderá fazer um diagnóstico fundamentado em dados objetivos.
3 A pessoa nunca sentiu dores no corpo, mas mesmo assim foi diagnosticada a osteoporose. Há risco de erro no diagnóstico? Com o exame de densitometria – uma radiografia computadorizada que mede a quantidade de massa óssea –, a possibilidade de o diagnóstico falhar é praticamente nula. O fato de alguém com a doença nunca ter sentido dores é, afinal, natural e esperado: a osteoporose é mesmo indolor. A prática dos consultórios mostra que, na maioria das vezes, pessoas que se acham sofredoras da doença são, na realidade, vítimas de artrite ou artrose – esses, sim, males que causam dores intensas.
4 Diz a sabedoria popular que leite é o melhor remédio para os ossos. O que a ciência acha disso? Os especialistas concordam com o dito popular – e explicam por quê: o leite é um dos alimentos campeões em cálcio, cujo estoque no organismo tem papel fundamental na prevenção da osteoporose. Os cientistas concluíram que, por meio da ingestão de cálcio em quantidades adequadas (veja quadro), o corpo é capaz de fazer uma espécie de poupança dele até os 35 anos (sendo que mais de 90% desse estoque se dá até o fim da adolescência). A partir de então, o tecido ósseo não absorve mais o mineral com a mesma eficácia e o que foi armazenado na juventude passa a ser consumido com a perda (natural) de massa óssea. Para quem não tem reserva de cálcio, o processo será mais acelerado – e há maior propensão à osteoporose.
5 Suplementos de cálcio são bons preventivos? Em geral, os médicos preferem que o cálcio venha dos alimentos – e não dos suplementos – por dois motivos: ele é absorvido com mais facilidade pelo organismo e não provoca efeitos colaterais típicos dos suplementos, como prisão de ventre e azia. Os suplementos são indicados, portanto, só quando não se pode prescindir deles: em casos de alto grau de desgaste dos ossos, osteoporose já diagnosticada, intolerância à lactose ou uso prolongado de cortisona. Para essas pessoas, o cálcio em pílulas é a garantia de que não vão deixar de ingerir uma dose diária mínima do mineral, sem a qual a doença certamente evoluirá em ritmo mais acelerado. Sem tal suprimento, também, nenhum dos tratamentos contra a osteoporose irá adiante.
6 A densitometria óssea mostrou que meus ossos estão perfeitos. Preciso fazer um novo exame mais adiante? Sim. A perda de massa óssea pode se dar num ritmo tão acelerado que, num intervalo curto de tempo, ossos saudáveis apareçam desgastados – e por isso se recomenda o monitoramento constante. Em geral, as mulheres devem fazer o primeiro desses exames depois da menopausa e os homens, aos 60 anos. A partir de então, em ambos os casos vale a pena repetir a dose a cada dois anos.


Fontes consultadas por VEJA: Luiz Henrique de Gregório, presidente do Densso – Centro de Diagnóstico e Pesquisa da Osteoporose; Marise Lazaretti Castro, diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia; e Tarcísio Pessoa de Barros, professor da Faculdade de Medicina da USP

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